quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

CANSO E DESCANSO

                                                                                    

                                                                                           


Dedico esta poesia ao cansaço  daquilo que não cabe mais dentro da gente

 

Quando canso de mim,

Descanso

Sonhando ser

O que não sou ainda.

Quando acordo,

Sou outra;

Renovada,

Descansada de tudo

Que não se deve ser mais.

Pronta para viver,

Descansada de mim,

Fico até com saudade

Do que não sou mais.

Vivendo meu novo SER,

Há sempre um momento

Que ele envelhece.

Cansado,

Me convida novamente

Descansar,

Sonhar

E acordar outra.


sábado, 25 de novembro de 2023

MINHA PIOR VERSÃO


 

A sua pior versão pode ser a melhor; pior para o outro e melhor para si. Dedico esta poesia a esta dialética que pode dizer muito de você.


Quando me tornei

A minha pior versão,

Me tornei, finalmente,

Inteira.

A barragem que conteve o feio

Maturada pela vida

Se rompeu.

Desairosa,

Se  despejando furiosa,

Alagou tudo,

Afogando o amor

Que disseste ter por mim;

Amor condicionado

Ao ser que devo ser,

 Averso ao que SOU;

Amor adulterado

Que trai a verdade

Que mora em mim.

A força que rompeu

A contenção do insustentável,

Pariu meu ser enlameado

Que queimado pelo desamor,

Secou!

Virou barro seco

Rachando a minha face

Agora dura e áspera,

Seca de elogios,

Repleta de pejorativas

Que me racham ainda mais.

Por inúmeras vezes

Contí dentro de mim

Aquilo que lhe engasga.

Entalada,

Engoli seco

A minha feiura

Que urgia nascer;

Feiura bela

Agora bem-vinda.

Feiura livre

Por tanto tempo acorrentada

Pelo medo constante

De ser aviltada.

Para garantir o seu amor

Sustentei elogios

Comprado a duras penas.

Iludida,

Paguei um preço alto demais

Pelo seguro de morte

Daquilo que não se deve,

No jogo da hipocrisia,

Ser colocado à mostra.

Endividei!

Empobrecida,

Furtada de mim,

Me creditei o direito

De ser inteira

Despertando o asco

Que tanto evitei.

Enriquecida,

Pelo crédito que dei a mim,

Despertei!

Sigo, agora, com novo formato

Incomodando a todos

Que não suportam o que sou.

Sigo criando perguntas,

Gerando problemas

Onde eu era a solução.

Sigo bela;

Sigo feia.

Sigo me seguindo,

Seguindo a minha vida.